Liturgia

terça-feira, 9 de abril de 2013

Um dia triste

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Quem já não teve um dia triste em sua vida? Podem existir ou não razões concretas, mas essas pequenas variações de humor são normais e precisam ser administradas com sabedoria. Não estou falando da depressão, uma doença que deve ser tratada, mas daquele desânimo passageiro que nos deixa um pouco “para baixo”.
O próprio Jesus sentiu uma profunda tristeza quando se aproximou o momento em que seria morto na cruz. Conta a 
Bíblia que Ele convidou três dos Seus melhores amigos para ir a um lugar afastado onde queria rezar, mas não queria estar sozinho.
Este é o primeiro erro que, normalmente, cometemos quando a 
tristeza bate à nossa porta. Nós a convidamos para entrar e ficamos curtindo-a de maneira solitária, com nossos "botões". A solução é ter a humildade de pedir a ajuda de Deus e dos amigos.
Rezar é o primeiro remédio, realmente eficaz, diante da tristeza. Deus nos ouve e encontra sempre uma maneira, surpreendente, de nos consolar. O que acontece é que, muitas vezes, estamos tão chateados que nem temos inspiração para dizer nada a Deus. E precisa?! Nesses momentos, todas as palavras dizem quase nada e uma palavra parece que já é demais. Mas, então, como rezar?
Uma sugestão é abrir a Bíblia e ler um 
salmo qualquer. Você verá que a tristeza estava no coração dos autores de muitos daqueles poemas sagrados. Alguns estavam até indignados com Deus. Escutamos frases extremamente verdadeiras como: “debaixo dos salgueiros penduramos nossas harpas e nos pusemos a chorar. Como cantar em uma terra estranha?!”.
É sinal de maturidade espiritual mostrar o coração para Deus do jeito que ele se encontra. O Senhor não quer nos ver maquiados ou com algum tipo de 
máscara.  O próprio apóstolo Paulo, quando nos aconselha, reconhece que, nem sempre, estamos tão bem: “Está alegre? Cante! Está triste? Reze!”.
Santos e sábios procuraram entender essa dinâmica interior. Inácio de Loyola, por exemplo, a chamou de “moções”. Seriam movimentos de ânimo que variam de 
consolação para desolação. Vale a pena conhecer os Seus Exercícios Espirituais, nos quais ele estabelece regras para discernir o significado desses “sentimentos místicos”.
Dizem que até a grande 
Santa Teresa d'Ávila viveu grandes momentos de tristeza espiritual. Apesar disso, manteve-se fiel. Este é um sinal muito seguro de que o amor é autêntico. Quando vivemos momentos de euforia, não podemos ter certeza de que aquilo que estamos fazendo é movido por “puro amor”. 
Aproveite a hora de tristeza e desolação para purificar as suas motivações. Lembre-se: nada como um dia depois do outro.
Trecho extraído do livro “Pronto, falei!”)
Padre Joãozinho, SCJ
http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/
Padre da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), doutor em Teologia, diretor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP), músíco e autor de vários livros

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